17 de agosto de 2008

Miaus no DN Gente

DN Gente, 17/08/2008
«Sara Rodrigues e Cristiana Resina. Duas velhas amigas apaixonadas pelo mundo infantil resolveram adaptar os clássicos da literatura portuguesa para os mais pequenos. 'Os Miaus' já vai na sua segunda edição Brincar com os grandes clássicos Quem fala com Sara Rodrigues, argumentista, e Cristiana Resina, decoradora infantil, repara que por entre sorrisos e gracejos há uma forte amizade que as une. Mas, mais do que isso, há um enorme amor pela literatura portuguesa infelizmente rara na sua geração. Por esse motivo, por gostarem muito de ler e por estarem sempre à procura de coisas novas no mundo infantil, inclusive oferecendo literatura uma à outra no Natal, encontraram em Eça de Queirós o tema ideal e um desafio para o primeiro livro de uma colecção criada entretanto pela ASA a propósito da iniciativa destas autoras."Clássicos a brincar" leva às crianças temas e livros que, de outra forma, estariam confinados ao programa escolar de leitura obrigatória. A ideia é criar empatia nos mais novos nos clássicos da literatura portuguesa de forma simples e clara. Sempre com muitas ideias a surgir entre as duas, algumas foram ficando na gaveta à medida que iam progredindo nas suas vidas profissionais, mas o talento de ambas - gráfico de Cristiana Resina e da escrita de Sara Rodrigues - uniu-se quando repararam que havia uma grande ignorância e enfado, mesmo no seu círculo de amigos, em relação a Os Maias. Em geral, não havia nada em Portugal deste género e resolveram fazer alguma coisa. "Maias, que seca", comentam que era o que ouviam normalmente e, sendo grandes fãs de Eça, não foi difícil a escolha para o primeiro volume. "Era o calhamaço por excelência", refere Sara, que encontrou em Os Maias um desafio que terminou durante o último mês da sua gravidez quando teve de ficar em casa. Cristiana, também grávida na altura, foi imaginando os gatinhos muito diferentes do que cria nos quartos que personaliza. "Escolhemos os gatinhos de certa forma para explicar um tema complicado como o incesto, através das ninhadas que as crianças conhecem e sabem que vão para diferentes casas e que mais tarde podem-se reencontrar. Isto sem chocar, aligeirando o tema", explica Cristiana.Tiveram a ajuda preciosa de suas mães, uma educadora infantil e outra professora primária, que lhes deram o seu feedback positivo sobre o livro. Como já estava ligada à escrita, onde já escreveu inclusive para séries de sucesso como Morangos com Açúcar, Floribela, Vingança e Uma Aventura e com dois livros originais editados entre muitos outros projectos ligados à escrita, foi fácil para Sara Rodrigues conseguir uma reunião com Vítor de Sousa Mota, da ASA, a quem ambas consideram um padrinho do livro. Durante a fusão com a Leya houve um interregno e só este ano em Janeiro o livro foi lançado oficialmente. Cristiana Resina é uma decoradora infantil que marca pela diferença com uma personalização autêntica de sonhos de pais e meninos e encontrou neste projecto "algo fora do que faço habitualmente, embora na mesma área", na sua nova loja de 140 m2, em Lisboa. Rodeada por um mundo de encantar é fácil perceber o que a move e porque se envolveu neste projecto com Sara. Têm tido um enorme sucesso entre os mais pequenos, mas também junto de muitos graúdos, como é o caso de uma estudante portuguesa em Paris que escolheu o livro para ser tema central da sua tese de mestrado de Literatura e Arte, que interessou-se pela parte visual do livro ao encontrá-lo numa livraria durante umas férias em Portugal. O Instituto Espanhol fê-lo leitura obrigatória da disciplina de Português. Há a intenção de se fazer uma peça de teatro e o Faunas, um grupo de teatro didáctico sedeado no Porto, tem uma peça baseada no livro. Futuramente, esperam que seja integrado no plano de leitura nacional, para o qual já se candidataram.No Dia da Criança estiveram presentes na Feira do Livro de Lisboa, inseridas na Praça Leya, onde tiveram um maior feedback ao livro que ambas consideram muito positivo, acima das suas expectativas. O próximo livro sai em Setembro e é baseado no Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, o que para Sara "é já de si muito apelativo e mais alegre!", um desafio a um outro nível, porque é uma peça de teatro e onde, segundo as autoras, quem o lê pode fazer muito mais coisas como encenar peças de teatro, e levantam o véu dizendo que desta vez não será com animais mas com meninos da escola. Pelo sucesso obtido no primeiro volume, não se espera menos no segundo. »